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A Leitura como ferramenta de reintegração social no sistema prisional

Em um país onde o sistema prisional enfrenta graves problemas de superlotação e alta reincidência criminal, alternativas que promovam a reintegração social dos presos são essenciais. Diante deste cenário, a leitura tem se destacado como uma poderosa ferramenta de transformação pessoal e social. Um exemplo notável é o Projeto Mastermind, que busca revolucionar a ressocialização nas penitenciárias do Paraná.

Instituída em 1984, a Lei de Execução Penal (LEP) brasileira visa proporcionar condições para a harmônica integração social dos condenados. Inspirado por essa legislação, o Projeto Mastermind, liderado pelo especialista em desenvolvimento humano Jairo Ferreira Filho, tem se empenhado em garantir que a execução da pena não se restrinja à punição, mas promova um planejamento de vida para os presos após a liberdade.

Desde dezembro de 2023, mais de 110 mulheres custodiadas na Penitenciária Feminina do Paraná (PFP) têm sido beneficiadas pelos ensinamentos do escritor Napoleon Hill, através da leitura do livro “Quem Pensa Enriquece”. Empresários locais apoiaram a iniciativa, comprando 420 cópias do livro, essenciais para o projeto. A abordagem vai além da simples distribuição de livros, incluindo palestras e discussões que incentivam o autoconhecimento e a reflexão crítica.

O Projeto Mastermind é pioneiro no Brasil, autorizado pela Fundação Napoleon Hill a aplicar treinamentos de alta performance baseados na filosofia do escritor. Originalmente voltado para empresários e líderes, o projeto agora expande seu alcance para o sistema prisional, proporcionando um ciclo de aprendizado de aproximadamente 40 dias. Durante esse período, as participantes são guiadas por palestras que abordam a visão de mundo, planejamento de vida e autoconfiança.

“A leitura nas prisões não apenas ajuda na redução de pena, conforme permitido por uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), mas também oferece aos detentos uma nova perspectiva de vida. Ao se envolverem com a literatura, os presos podem ampliar sua visão de mundo, desenvolver habilidades críticas e transformar a educação em uma ferramenta de libertação mental e emocional”, diz Jairo Ferreira Filho.

A diretora da Penitenciária Feminina do Paraná, Alessandra Prado, destacou que o projeto já começou a mostrar resultados positivos. As participantes estão discutindo o conteúdo do livro entre si, demonstrando um interesse genuíno pelo tema e apresentando mudanças significativas na fala e postura. Essas transformações sugerem que, ao colocar em prática os ensinamentos de Hill, as detentas podem reconstruir suas vidas fora do ciclo criminoso.

Ao perguntarem a uma detenta quais foram os principais aprendizados que ela teve com o projeto ela respondeu, “Raciocínio mental e desejos de conquista. Relacionamento com as pessoas e o sucesso. Acreditar ter fé e planejar a nossa vida. Escutar primeiro antes de fazer. Assumir o que faz e fez passado e presente pensar antes de fazer qualquer coisa na vida. Analisar qualquer atitude tomada e não ficar dando desculpas dos erros atuais e passados”. Isso demonstra o impacto do projeto, ele permite que o futuro seja algo palpável e possível, enquanto o passado se torna algo para se observar e evoluir.

Além de benefícios individuais como os citados anteriormente, a leitura contribui para a redução do estresse e da violência dentro dos presídios. Ao proporcionar uma atividade construtiva, ela diminui o tempo e a motivação dos presos para se envolverem em conflitos. Por isso, é crucial que projetos como o Mastermind sejam apoiados tanto por organizações quanto pelo governo, mobilizando recursos e esforços para criar uma cultura de leitura nas penitenciárias.

O impacto do Projeto Mastermind vai além das paredes da prisão. Os familiares das participantes também são influenciados pelos ensinamentos de Hill, criando uma cadeia de transformação social. Para Jairo Ferreira, a mudança começa com a conscientização do propósito de vida e a determinação de construir um futuro promissor, mesmo com um histórico de encarceramento.

A direção da Polícia Penal do Paraná reconhece a importância de investir no desenvolvimento pessoal e profissional dos servidores e dos custodiados. O projeto, que será estendido a outros públicos carcerários e aos profissionais da Polícia Penal, visa promover uma mudança de mentalidade que é essencial para evitar a reincidência criminal.

Em conclusão, iniciativas como o Projeto Mastermind demonstram que a leitura pode ser uma porta para uma nova vida, proporcionando aos presos não apenas uma forma de passar o tempo, mas uma ferramenta poderosa de transformação pessoal e social. Ao fomentar uma cultura de leitura dentro das penitenciárias, é possível mostrar aos presos que existe um caminho diferente e que a recuperação e reintegração são possíveis, mesmo nas circunstâncias mais adversas.

PARTICIPE DO REDE AGORASP
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