Passados quatro meses depois do decreto de calamidade pública no estado do Rio Grande do Sul, o distrito começa a demonstrar, ainda que lentos, sinais de recuperação. O processo contou com o apoio de diversas iniciativas governamentais, como perdão de dívidas e adiantamentos orçamentários e ações advindas de instituições privadas.
A tragédia ambiental, que está entre as maiores do país, deixou marcas na população do estado. Bloqueio de estradas, interrupção das atividades escolares, destruição de residências e muito lixo nas ruas, foram alguns dos duros resultados enfrentados pela população do RSS. Ao todo, somam-se 2,3 milhões de pessoas afetadas pelas chuvas, segundo o boletim da Defesa Civil.
Para além dos danos estruturais e sociais – o número de óbitos alcançou 182 – a economia não só estadual, mas também nacional, como apontado pelo estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgado no dia 25 de abril, indicando que o impacto pode chegar a 97 bilhões na economia brasileira e afetar aproximadamente 1% do PIB.
Sinais de melhoria puderam ser observados com o passar dos meses, como reabertura de estradas, construção de cidades provisórias para abrigar refugiados e a recente reabertura do aeroporto Salgado Filho, na cidade de Porto Alegre, iniciada em 16 de maio.
Usufruindo de estruturas provisórias, devido a montagem e desmontagem de forma rápida e econômica, é possível proporcionar um senso de segurança, proteção e aceleração da recuperação das comunidades atingidas: “Esse tipo de solução é extremamente sustentável porque garante a reutilização de praticamente todo material, redução de custo na construção e principalmente na manutenção. Além disso, podem ser montadas de forma rápida, auxiliando na coordenação de crises ocasionadas por desastres naturais”, explica Tatiana Fasolari, CEO do Grupo Fast, maior empresa especializada em overlays da América Latina.
Para além da ajuda do poder público, diversas medidas foram tomadas por parte da comunidade civil e empresas de todo o país para que os habitantes afetados pudessem se restabelecer. Algumas formas de ajuda se concretizaram de maneira indireta, como o caso de empresas como o Mercado Livre, que destinaram doações diretamente para ONGs especializadas em ajuda humanitária, ou a rede de mercado Carrefour, que congelou seus preços buscando mitigar a situação financeira desfavorável dos afetados.
Outras atuaram de maneira mais direta, levando recursos como água potável. Ação feito pela Ambev e pela startup PWTech, que levou ao RS um equipamento que é capaz de purificar água contaminada.
Rodrigo Clemente, CEO da BLZera, empresa especializada em ressignificação do lixo, tem – há dois meses – recolhido os resíduos deixados pela enchente, trazido para seus centros logísticos em São Paulo, onde os materiais são separados, higienizados e vendidos novamente para a indústria. Com o dinheiro, a companhia destinará mais de 6 mil kits de eletrodomésticos incluindo fogão, geladeira e um kit de panelas: “O Papel realizado pela BLZera e outras empresas vai muito além de limpar ruas e realizar doações, e é de suma importância para minimizar os estragos, sejam eles materiais ou não e, principalmente, resgatar a dignidade daqueles que foram afetados por um dos maiores infortúnios”.