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Como ensinar as crianças que a mentira não é aceitável quando vivemos num mundo de fake news?

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Quem já não caiu numa pegadinha do 1º de abril, tão popularmente conhecido como o Dia da Mentira? De jornais de grande circulação ao colega de escritório, todo mundo já pregou uma peça em alguém. Mas, o que fazer quando pegamos nossos filhos numa mentira? A graça dá lugar à preocupação e aí vem a dúvida: como ensinar as crianças que a mentira não é aceitável quando vivemos num mundo de fake news?

Essa é a pergunta para a qual muitos pais não encontram resposta. Muitas vezes, pais e mães observam suas crianças inventando histórias e mentindo. Claro, todos gostaríamos que eles dissessem “não sei” quando não tivessem as respostas para as perguntas. Simplesmente falar a verdade, mesmo sabendo que teriam que enfrentar consequências, seria o melhor dos mundos. Tudo, menos usar como recurso uma mentira deslavada.

“Sentimos, como pais, que tentamos de todas as formas ensiná-los a dizer a verdade, sem sucesso. Muitas vezes, inclusive, nos convencemos de que nossos filhos são pequenos grandes mentirosos. Aí, caímos na vala comum da culpa e do questionamento: onde foi que eu errei?”, pondera Yafit Laniado, psicóloga e hipnoterapeuta, criadora da Relacionamentoria, consultoria especializada no relacionamento entre pais e filhos.

Baseada na teoria de Alfred Adler, a Relacionamentoria entende que para a criança, a mentira é a manifestação da necessidade de pertencer e de ser relevante para os pais.

“A teoria adleriana preconiza que todo o comportamento da criança segue um objetivo, de forma que a mentira não necessariamente visa enganar ou ludibriar. Ela é muito mais a tentativa de atingir um determinado objetivo, como chamar atenção ou demonstrar poder”, explica Yafit.

Se a mentira é uma ferramenta que a criança utiliza para atingir um objetivo, a psicóloga orienta que a pergunta que devemos nos fazer é: qual o objetivo da criança mentir?

“Há algumas alternativas. Entre elas, a necessidade de pertencimento, ou seja, a criança usa a mentira para ser reconhecida ou se sentir respeitada. O desejo de dominar uma situação é mais uma alternativa, uma vez que algumas crianças usam a mentira como recurso para demonstrar força e poder. A própria imaginação e criatividade deve ser avaliada, porque, principalmente nas crianças mais novas, a mentira muitas vezes não é intencional, mas fruto de uma imaginação fértil”, descreve a especialista.

O caminho para lidar com a mentira passa muito mais pela confiança, compreensão e comunicação do que pela bronca, castigo ou demonstrações de desagrado.

“Acredite, seu filho sabe que mentir é errado, especialmente se este é um valor para você. Nossa reação diante do comportamento indesejado de nosso filho será determinante para a repetição ou anulação do tal comportamento. Por isso, não dê bola para o comportamento que não interessa que seja repetido. Lembre-se que o principal objetivo da criança é se conectar aos pais, nem que seja através de uma mentira como recurso”, alerta Yafit.

A psicóloga também orienta que os pais foquem na criança, não na mentira, e procurem perceber qual era o objetivo por trás da enganação, assim como não rotulem a criança como mentirosa. “Ela entenderá que essa é sua expectativa em relação a ela e fará de tudo para corresponder. Isto é, continuará mentindo.”

Por fim, Yafit ressalta que nada é mais poderoso do que o exemplo pessoal. “As crianças aprendem principalmente observando os pais e os adultos à sua volta.

Quando seus filhos percebem que os pais agem com sinceridade e transparência com amigos, vizinhos e entre si, esse é o modelo que irão seguir. Ao demonstrar sua confiança em seus filhos, eles entenderão que não precisarão mentir para serem aceitos e amados. Então, o 1º de abril será só mais um dia onde eles terão que ficar atentos para saber o que é verdade e o que é mentira.”

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