Em um mercado cada vez mais segmentado, um paradoxo ganha força: como eventos de grande porte conseguem falar simultaneamente com Baby Boomers, Geração X, Millennials e Gen Z? Esta é a complexa equação que marcas como varejistas, organizadores de feiras multissetoriais e festivais culturais precisam resolver diariamente, onde a diversidade geracional não é uma opção, mas uma exigência do negócio.
Eventos icônicos como o Réveillon na Paulista; ações de live marketing focadas em sales driven, como o Volks Festival ou as megapromoções da Black Friday ilustram este cenário com clareza. Enquanto os mais jovens buscam experiências instagramáveis, seus avós valorizam informações claras e atendimento humanizado. “Estamos falando de públicos que consomem informação em velocidades diferentes, em canais distintos e com expectativas antagônicas”, analisa Gustavo Costa, CEO da LGL Case, hub de negócios especializado em brand experience.
Mas como transmitir uma única mensagem de marca para um público tão diverso, com valores, comportamentos e estágios de vida completamente distintos? Segundo o CEO da LGL Case, a resposta está na construção de pontes emocionais transversais.
“A verdadeira maestria do live marketing e do brand experience está em criar experiências que, embora vividas de forma única por cada geração, compartilhem um mesmo significado essencial. Não se trata de diluir sua mensagem, mas de torná-la multidimensional — como uma melodia que soa diferente para cada ouvido, mas mantém sua harmonia fundamental”, afirma.
O especialista revela que eventos bem-sucedidos trabalham com três níveis de conexão simultânea: cognitivo (informações adaptadas a cada perfil), emocional (gatilhos que transcendem faixas etárias) e comportamental (formas de interação variadas).
“Quando acertamos essa tríade, conseguimos fazer com que desde um executivo até um adolescente saiam do evento com a mesma percepção central da marca, mesmo tendo vivido experiências completamente diferentes durante o mesmo evento”, completa Gustavo.
A abordagem, portanto, exige um cuidadoso equilíbrio entre personalização geracional e coerência de marca — desafio que, quando superado, transforma a diversidade do público de obstáculo em vantagem estratégica.
O especialista traz ainda três dicas de como tornar a experiência de eventos mais autêntica a partir de exemplos práticos:
- Memórias afetivas como âncora: a nostalgia é uma poderosa ferramenta. O CEO da LGL Case destaca: “Um show com tributo a bandas dos anos 80 pode emocionar quem viveu a época e despertar curiosidade nos mais jovens – desde que a experiência seja atualizada visualmente.”
- Tecnologia como ponte, não como barreira: enquanto a Geração Z interage por metaverso, Gustavo alerta: “Sempre mantenha uma versão física equivalente. Seu público sênior não pode se sentir excluído pelo excesso de digital.”
- Hierarquia de informação: “Em um mesmo stand, o avô quer especificações técnicas, o pai busca preço e o filho quer saber se é instagramável”, explica o executivo. A solução? Sinalização em camadas: detalhes técnicos em painéis, promoções em displays digitais e hashtags em adesivos colecionáveis.
O futuro: personalização em massa
Para o executivo da LGL, o caminho está em “experiências modulares, onde cada geração encontra seu caminho natural, mas todas levam ao mesmo objetivo de marca. Não se trata de diluir sua mensagem, mas de permitir múltiplas formas de absorvê-la.”
Ou seja, em um mundo de nichos, eventos amplos são como jantares de família. “O segredo não está em servir pratos diferentes para cada um, mas em criar refeições onde todos encontrem seu sabor preferido — e descubram novos juntos”, finaliza o especialista. E essa pode ser a verdadeira arte do Live Marketing e do Brand Experience no século 21.