As recentes decisões do Ministério da Educação (MEC) de suspender a criação de novos cursos de graduação a distância, bem como novas vagas e polos de Ensino a Distância (EaD) até março de 2025, têm gerado questionamentos sobre a qualidade e sustentabilidade dos cursos EaD. Essas medidas, que fazem parte de um amplo processo de revisão do marco regulatório da educação a distância, geraram um movimento de preferência dos estudantes pelo ensino presencial, como forma de garantir a qualidade dos estudos neste momento de transição.
Essa preferência está relacionada às movimentações do MEC de gerarem dúvidas sobre a qualidade do Ensino a Distância (EaD), segundo a avaliação de Marcelo Lima, diretor da Quero Educação. “Hoje, o estudante tem dúvida se o EaD vale a pena e a incerteza em relação à qualidade dos cursos nesta modalidade tem sido um fator determinante para que os alunos escolham o ensino presencial. Esse entendimento é reforçado pelo aumento de cerca de 16% no presencial ano a ano, após um período de crescimento significativo do EaD nos últimos anos”, destaca.
De acordo com dados oficiais do Censo da Educação Superior 2022, o número de cursos EaD no país chegou a 9.186 em 2022, um aumento significativo em comparação com os 1.148 cursos registrados em 2012. Ainda, o número de estudantes matriculados em cursos a distância superou 3 milhões em 2022, representando um crescimento expressivo em relação aos cursos presenciais. Contudo, esse cenário tem se revertido. O número de novos alunos em cursos superiores presenciais cresceu 12,9% entre 2021 e 2022, após sete anos em queda, conforme mostra a 14ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil, produzida pelo Semesp.
“Os estudantes têm se esforçado para pagar um curso mais caro, na modalidade presencial, visando qualidade de ensino. De acordo com a Quero, o custo médio de uma mensalidade de graduação presencial gira em torno de R$ 500 a R$ 600. Já para o EaD, a mensalidade custa em média R$150. Contudo, o presencial não é uma realidade acessível para todos, seja por questões financeiras ou por logística”, ressalta o diretor da Quero Educação.
Enquanto o MEC busca garantir a sustentabilidade e qualidade dos cursos a distância, a comunidade acadêmica e representantes do setor defendem a importância da modalidade EaD na democratização do acesso ao ensino superior e na flexibilidade de horários proporcionada aos estudantes.