Apostas esportivas (Foto: Joédson Alves/ABr
Brasília, DF – Em meio às investigações que envolvem o crescente mercado de apostas
esportivas, a CPI das Bets, instaurada pelo Senado Federal, deve se aprofundar nas
relações e nos financiamentos ocultos entre grandes empresas de apostas e um número
impressionante de influenciadores, celebridades, músicos e figuras públicas. Com uma nova
rodada de convocações programada para o próximo dia 12 de novembro, é hora de olhar
além dos rostos conhecidos e questionar quem está realmente lucrando e agenciando
esses acordos milionários.
Apesar da crescente atenção da CPI sobre as transações financeiras entre as empresas de
apostas e influenciadores populares, muitos se perguntam: quem são os empresários e
agências que intermediam essas relações e que lucram na mesma proporção, se não mais,
que os famosos rostos da internet e das telas? Entre esses nomes, destaca-se a agência
Nonstop, liderada por Cacá Diniz – CEO da maior agência de influenciadores do país
e esposo da cantora Simone Mendes. Outros sócios influentes incluem personalidades de peso como Joel Jota, João Kepler, Whindersson Nunes, Titrulipa e Gkay. Além disso, outros “caciques” agenciadores, como os sócios da agência MYND8 –
Fátima Pissarra, Carlos Scappini e Preta Gil (sim, ela mesma, filha do famoso cantor e
compositor Gilberto Gil) – também aparecem nesse cenário. A lista de influenciados e
participantes no mercado das apostas ainda inclui figuras renomadas da música e do
esporte, como as funkeiras MC Mirella, Ludmilla e Juju Salimeni (que recentemente
inaugurou a maior academia do mundo, além dos funkeiros MC Poze do Rodo e MC Ryan. Estrelas do futebol, como Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno, Zé Roberto, Vini Júnior e Neymar,também são associados a essa rede de influências. Até o cantor Seu Jorge está ligado a
esse “balaio” das BETs, evidenciando a amplitude e o alcance desse mercado e os
potenciais lucros e influências ocultas por trás dessas parcerias.
Mas as investigações não param por aí. A teia de relações com as empresas de apostas vai
muito além dos influenciadores.
Atualmente, praticamente todos os grandes times de futebol
no Brasil recebem patrocínio direto dessas empresas, desde anúncios nas camisas dos
jogadores e nomes de arenas esportivas, até o financiamento de grandes contratações de
atletas. A própria Confederação Brasileira de Futebol (CBF), órgão máximo do futebol
nacional, hoje também é patrocinada por empresas de apostas. Diante desse cenário, a
CPI das Bets se depara com um campo vasto e profundo de relações financeiras e
comerciais que ainda precisam ser rigorosamente investigadas.
Enquanto a sociedade sofre com o impacto crescente das apostas, que chegam a envolver
até mesmo recursos de subsídios como o Bolsa Família, a influência dessas empresas e o
volume de dinheiro movimentado por celebridades e influenciadores pode estar escondendo
práticas ilegais e abusivas. A dependência criada pelo vício em apostas coloca em risco a
saúde pública, ao afetar milhares de famílias brasileiras, e a CPI deve questionar a fundo a
legalidade e o impacto social de tais transações. Esse aprofundamento é necessário não
apenas para coibir práticas potencialmente criminosas, mas também para impedir a
desestruturação de vidas e de famílias que dependem de um controle rígido do setor.
“A CPI das Bets precisa olhar além dos jogadores e investigados iniciais e questionar quem
está realmente lucrando e agenciando o mercado de apostas no Brasil,” comenta a
Senadora Soraya Thonicke, relatora da CPI das Bets.
Com dezenas de notícias já destacando os impactos negativos das apostas na sociedade
brasileira, este tema ainda precisa de uma investigação mais robusta e ampla, que observe
todos os envolvidos, inclusive os influentes agentes e empresários que sustentam esse
mercado em rápida expansão.
Sobre a CPI das Bets
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets foi instaurada pelo Senado Federal em
resposta à crescente preocupação pública e às suspeitas de operações irregulares no setor
de apostas esportivas. Com o lançamento da lista de convocação no próximo dia 12 de
novembro, a CPI espera obter mais esclarecimentos e dados detalhados sobre as conexões
financeiras e intermediadores do setor.