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Queda de engenheiros desafia crescimento econômico e setores estratégicos

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A queda no interesse por cursos de engenharia tem resultado em uma diminuição no número de profissionais formados na área, impactando diretamente setores estratégicos essenciais para o desenvolvimento econômico do país. Segundo um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil já enfrenta um déficit de aproximadamente 75 mil engenheiros.
 

Uma pesquisa do Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) revelou que, entre 2014 e 2020, houve uma queda de 44,5% nas matrículas em cursos presenciais de engenharia em universidades particulares. Esse fenômeno acompanha uma tendência global, mas no Brasil o impacto é maior devido à relevância do setor industrial para a economia. Atualmente, o país forma 50 mil engenheiros por ano, número considerado insuficiente para atender à demanda do mercado.
 

De acordo com dados do Ministério da Educação (MEC), a taxa acumulada de desistência entre estudantes de graduação apresentou um aumento significativo entre 2014 e 2023. Em 2014, esse índice era de 13%, enquanto em 2023 alcançou 59%, com uma taxa de conclusão acumulada de 40%. Nos cursos de engenharia o número de desistência é maior, passando de 13% para 63%.

O engenheiro catarinense Ernesto Heinzelmann, membro titular da Academia Nacional de Engenharia (ANE), destaca a importância dessa formação. “A engenharia desempenha um papel essencial ao proporcionar novos produtos cada vez mais acessíveis, promovendo conforto e segurança em nosso dia a dia. Trata-se de um campo amplo e fundamental para o futuro de uma nação”, explica.
 

Região Sul em alerta
 

A região Sudeste concentra o maior número de estudantes de engenharia do Brasil, já as instituições de educação do Sul têm enfrentado um cenário preocupante. A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelou que, em 2024, nenhum curso de engenharia figurou entre as 10 graduações mais concorridas. Além disso, cursos como Engenharia Metroferroviária, Florestal, Têxtil, de Aquicultura e de Materiais registraram baixa procura.
 

Heinzelmann alerta para a gravidade da situação: “Quando estudava na UFSC, a concorrência por uma vaga em engenharia variava de 20 a 30 candidatos. Hoje, há cursos com menos de um candidato por vaga, o que impacta diretamente o desenvolvimento do país”, afirma.
 

No Rio Grande do Sul, o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelou uma queda de mais de 20% no número de matriculados em cursos de engenharia na última década. Na Unilasalle, por exemplo, o curso de Engenharia Elétrica foi descontinuado devido à baixa procura.
 

Dados levantados pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) mostraram que o número de inscritos no curso de Engenharia Civil caiu de 592, em 2017, para 67, em 2024. Na UFSC, os cursos de Engenharia Mecatrônica e Engenharia Naval registraram as maiores quedas, passando, respectivamente, de 169 para 99 e de 70 para 39 inscritos.
 

Motivos e possíveis soluções
 

Ernesto Heinzelmann destaca que diversos fatores contribuem para a queda no interesse pela engenharia. Segundo ele, a deficiência no ensino de base, principalmente nas áreas de matemática e ciências exatas, compromete a formação de novos talentos. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) indicou que 70% dos estudantes brasileiros de 15 anos apresentam dificuldades com matemática básica, o que pode desestimular o ingresso de novos alunos em carreiras ligadas à engenharia.
 

Levantamentos realizados pelo Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf), considerando indivíduos de 15 a 64 anos, mostraram que o percentual de pessoas com alfabetismo rudimentar não apresentou quedas significativas entre 2015 e 2018, registrando uma redução de apenas 1%. Paralelamente, no mesmo período, o número de pessoas analfabetas aumentou em 4%.
 

Segundo Heinzelmann, a queda na procura pelos cursos de engenharia pode impactar no desenvolvimento de setores de infraestrutura básica, mas também no crescimento econômico do país. O empresário explica ainda que, nos próximos anos, as empresas podem sentir dificuldade para encontrar profissionais qualificados, mas elas também precisam investir em programas de incentivo e na remuneração adequada para atrair novos talentos.
 

Entre as iniciativas direcionadas para reverter esse cenário, está o programa “RS Talentos” lançado pela Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul. Com um investimento de R$38 milhões, a ação prevista para ser implementada ainda este ano, visa estimular e contribuir para a formação de novos engenheiros.


Em Joinville (SC), o projeto “Educação que Transforma” reúne uma série de iniciativas da Secretaria de Educação para garantir que todos os alunos aprendam na idade adequada. O programa engloba ações estratégicas, como o combate à infrequência escolar e o incentivo ao engajamento de estudantes e famílias. Além disso, inclui um sistema de monitoramento da aprendizagem, suporte para alunos com dificuldades e programas de aceleração para aqueles com defasagem escolar.

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